O tratamento com PSMA-Lutécio é relativamente novo no Brasil e promete ser uma nova alternativa para pacientes que apresentaram baixas taxas de resposta aos tratamentos convencionais, além de ser mais eficaz e menos tóxico que a quimioterapia
Você sabia que já existe uma terapia relativamente nova no Brasil e que promete ser muito promissora, prolongando a sobrevida de pacientes em casos de câncer de próstata metastático?
O novo método de tratamento é indicado para pessoas com câncer de próstata metastático ou que apresentam progressão da doença mesmo em vigência das terapias prévias já realizadas, inclusive sendo resistentes à castração (CPRC), ou seja, à redução dos níveis de hormônios para que os tumores diminuam de tamanho ou cresçam mais lentamente.
Esse é o caso de um paciente de 83 anos de Cocal do Sul, primeiro paciente a se se submeter à nova terapia no Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Nossa Senhora da Conceição. Por conta disso, em conjunto com a avaliação do oncologista que o acompanha, surgiu a possibilidade desta nova alternativa.
Ainda que seja necessário aguardar as próximas sessões, esse paciente não apresentou sintomas nem efeitos colaterais, o que se difere de outras terapias.
Apenas oito pacientes realizaram esse procedimento em Santa Catarina, sendo sete deles na Clínica Bionuclear, parceira do HNSC de Florianópolis, e um em Tubarão, no Serviço de Medicina Nuclear da instituição.
Todos os anos mais de 16 mil homens morrem de câncer de próstata no país, segundo o último levantamento do INCA – Instituto Nacional do Câncer. Além disso, o país registra uma média de 66 mil novos casos da doença, que representam 29,2% dos tumores mais recorrentes entre o público masculino.
De acordo com a literatura médica atual, a terapia é eficaz e bastante tolerada por grande parte dos pacientes, levando à sua implementação em diversos serviços médicos ao redor do mundo.
A proteína PSMA é uma molécula que apresenta a sua expressão aumentada na superfície das células cancerígenas da próstata e, portanto, pode estar elevada nas células metastáticas mesmo depois de múltiplas linhas de terapias, possibilitando a marcação desta proteína com um elemento radioativo, que é o Lutécio 177, formando o complexo 177Lu-PSMA. Assim, a administração desse material por via endovenosa viabiliza o tratamento sistêmico específico das lesões.
Quem pode se submeter e como funciona o tratamento?
Uma seringa é injetada na veia do paciente. Dentro do material, vão dois elementos: o Lutécio-177 e o peptídeo, também chamado de PSMA. Sendo o primeiro um líquido radioativo e o segundo o fragmento de uma proteína que ajuda a encontrar a célula com o tumor. Ou seja, a radiação destrói a célula cancerígena sem afetar os tecidos saudáveis.
Para que o tratamento possa ser realizado, é preciso programá-lo, no mínimo, em quatro sessões, com intervalos de seis a oito semanas entre as doses. Para realizá-lo, os pacientes precisam apresentar função renal normal, além de uma boa função medular.
Ao longo de 30 minutos, os pacientes recebem a injeção intravenosa do material, com o auxílio de uma bomba de infusão contínua de medicações, e permanecem em observação até o final do turno. Atenção! É sempre bom lembrar que a hidratação e a utilização de medicações para os sintomas específicos podem ser realizadas ao longo desse período, dependendo da necessidade de cada caso.
Objetivo do tratamento
O tratamento vem para somar aos tratamentos e medicamentos já existentes. Com isso, a expectativa é aumentar a sobrevida global e a sobrevida livre de progressão, melhorando a qualidade de vida e bem-estar desses pacientes, reduzindo as taxas de complicações das metástases. Isso pode ocorrer em aproximadamente 50% dos casos.
Essa nova opção terapêutica apresenta baixa toxicidade, o que reduz possíveis complicações, eventos clínicos e custos decorrentes da doença.
Assista à entrevista completa sobre o novo tratamento: